martes, 2 de octubre de 2018

O reúso criativo da arquitetura.

O reúso criativo da arquitetura.
Jorge Villavisencio.

Com o passar do tempo muitos edifícios ficam obsoletos no que se refere a seu uso, e vem diversas perguntas: O que fazer com esse equipamento da cidade?

Muitos desses edifícios guardam à memória da cidade, outros podem ser edifícios que não cumprem a contento sua utilidade em que foi projetado, e simplesmente pensam em demolir.

Mas em alguns casos estes edifícios podem cumprir outra missão, especialmente edifícios que tenham valor cultural.
No transcurso do texto veremos algumas obras que tiverem outros usos, o que chamaremos de “reúso criativo”, exemplos claros dos arquitetos Carlo Scarpa (1906-1978), Herzog & De Meuron (1978-), Latz & Partner (1968-), Paulo Mendes da Rocha (1928-) entre outros.

“O reúso criativo adopta o edifício apresentando-lhe usos que não forem concebidos no projeto original” (Denison,2014:146).

É muito comum que um edifício seja demolido para criar um novo, se adverte que seja até mais barato, mais existe conceitos de reinventá-la ou de reprograma-la, e aí surge a ideia de reuso criativo, além claro de preservar a memória desse lugar através desse edifício, o sentido de pertinência latente está presente.

R.1 – Brion Tomb (1957-1975) – arquiteto Carlos Scarpa.
Fonte: Archdaily (2018)

Este sentido de “pertinência” está intimamente ligado ao espaço, são elementos promissores de relações do passado-presente, “... o sentido de pertinência tem uma profunda relação com o homem, e seu entorno. Este sentido pertinência tem dimensão social e coletiva. Por tanto transcende o homem no seu individual... O sentido de pertinência pode-se manifestar em testemunhos culturais tangíveis (materiais) ou intangíveis (espirituais). (Gutiérrez, 1996:110)

Pensamos que deva existir uma análise profunda de determinado edifício, que nem sempre som qualificados como patrimônio histórico, mas existe um valor em sua memória como indica Gutierrez, em alguns casos nem sempre existe mais o edifício, mas existe uma memoria dentro do urbano, relembra o passado, mas com o tempo pode ser esquecido, consideramos importante para o valor de aquela cidade ou bairro, que seja lembrado, porque ao final de contas é a própria história desse lugar, desse povo.

R.2 – Edifício Cultural (1995) – arquitetos Herzog e De Meuron.
Fonte: Deezen (2018)

Mas existem outras abordagens como a de restauração, conservação, reconstrução, ampliação entre outras, mas toda elas têm a mesma finalidade de preservar o passado.

O reuso criativo é hoje um lugar comum, sobretudo em países que passam por mudanças industriais ou sociais, é uma das questões enfrentadas pelos arquitetos é se as alterações propostas devem ser permanentes ou reversíveis. Uma vez adaptada para outro uso, o edifício sobrevive ao seu proposito original... (Denison,2014:146).

Mas cabe ressaltar que a verdadeira criatividade nasce da sabedoria de encontrar respostas adequadas a partir das condicionantes que estão nos seus programas arquitetônicos, segundo Gutierrez indica que a criatividade é aquela que acumula experiencias e sabedoria, onde recolhe experiencias as experiencias populares das seculares formas de enfrentar as condicionantes do habitat com recursos limitados.

R.3 – Parque Landschaftspark (1991) – arquitetos Latz & Partner.
Fonte: Conexão Planeta (2018)

Mas tem um assunto que deve ser explorado com mais rigor, o efeito da sustentabilidade de determinado edifício, porque sem duvida existe um investimento energético na sua construção.

“... está pode ser recompensado. Trata-se, portanto de um ato de sustentável, que também preserva o legado arquitetônico. No entanto, alguns edifícios resistem ao reúso, devido à complexidade e ao custo das mudanças” (Denison,2014:146).

Para Bustos Romero explica que o patrimônio arquitetônico é a primeira relação indissociável entre o conceito do patrimônio histórico e artístico nacional e o patrimônio arquitetônico é uma herança que vem da edificação dos períodos da memória e da valorização do monumento histórico como bem arquitetônico.

Por isso consideramos que esse bem arquitetônico merece ter o cuidado necessário para que futuras gerações possam também disfrutar de seu legado, talvez com um uso mais adequado das necessidades contemporâneas, mas que levam inserção de memoria social, que nem sempre é entendido como deveria ser, o patrimônio arquitetônico tem essa virtude.

R.4 – Pinacoteca de São Paulo (1998) – arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Fonte: Flikr (2018)

“Nas últimas décadas, continua perdurando a vertente da arquitetura que coloca em primeiro lugar sua própria história e, geralmente, a inserção urbana das obras. Continua a tradição da chamada – critica tipológica – ainda que de maneira menos dogmática e mais pragmática, aprendendo a se situar em cada contexto. Tudo isso se produz em um momento, no início do século XXI...” (Montaner, 2016:40).

Consideramos que uns dos trabalhos mais importantes no início do século XXI foi o concurso de “Reinventer Paris”, que vem do conceito de “reinventar” está cada vez mais presente no espaço contemporâneo, como exemplo claro e audacioso da Prefeita de Paris Anne Hidalgo, quando convoca em 2015 para o concurso de 23 espaços púbicos que são de propriedade da prefeitura parisiense, que tem como conceito “densidade, diversidade, energia e resiliência”, onde o fazer de novo ou de uma maneira diferente.


Goiânia, 2 de outubro de 2018.

Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografia

GUTIÉRREZ, Ramón (org.); Arquitectura Latinoamericana em el siglo XX, Ed. Epígrafe, Universidad Ricardo Palma (Lima, 1998), original: Editoriale Jaca Book S.p.A., Milão, 1996.

MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2016.

ROMERO, Marta Adriana Bustos; Reabilitação Ambiental: Sustentável Arquitetônica e Urbanística, Editado FAU/UNB, Brasília, 2009.

DENISON, Edward, Arquitetura: 50 conceitos e estilos fundamentais explicados de forma clara e rápida, Ed. Publifolha, São Paulo, 2014.

VILLAVISENCIO, Jorge; A constelação dos espaços culturais, https://jvillavisencio.blogspot.com/2016/10/a-constelacao-dos-espacos-culturais.html (extraído em 25/09/2018).




viernes, 14 de septiembre de 2018

Pensamentos da habitação coletiva vertical na arquitetura.

Pensamentos da habitação coletiva vertical na arquitetura.
Jorge Villavisencio.

No livro de Hilary French – “Os mais importantes Conjuntos Habitacionais do século XX”, faz uma síntese de varias obras habitacionais, segundo ela o que seriam os mais importantes, penso que muitos dos projetos apresentados tem conotações que podem servir como estudo de caso, assim posteriormente poderão a futuro se converter como estratégias projetuais. Desta maneira aproveitando o livro de French e outras bibliografia dissertaremos sobre os projetos.

A importância do tema da habitação coletiva sempre foi matéria de estudo na arquitetura, tanto assim que recentemente escrevemos sobre os projetos e os pensamentos do arquiteto e professor franco-peruano Enrique Ciriani, isto nos fez que nos motivara, mais ainda se tratando das dificuldades e das necessidades da habitação social.

Conceitos e estratégias na maneira de projetar edifícios desta tipologia podem ou não levar a metapensamentos que servem para tomar a futuro novas ideias, até ideais, na toma de decisão do partido arquitetônico, como indica Ciriani com as três “P” da arquitetura, uma síntese de como se pode realizar um projeto de arquitetura: “a pertinência, a presencia e a permanência”.
Através deste texto veremos alguns projetos de habitação coletiva, segundo Hilary French está dividida em: modernismo europeu; modernismo pós-guerra; as alternativas; o pós-modernismo; e as interpretações contemporâneas.

Para o presente texto temos selecionado as duas últimas, o pós-modernismo e as interpretações contemporâneas, por ser as mais recentes, desta forma temos procurando fazer uma síntese do que consideramos importante (dentro do nosso ponto de vista), queremos deixar claro que nem sempre concordaremos com o dito, mas assim é a arquitetura e o urbanismo, é complexo, mas faz parte do processo de crescimento profissional, a critica da arquitetura tem essa pratica da fenomenologia, como explica o arquiteto Steven Holl, “Mais plenamente que o resto das outras formas artísticas, a arquitetura capta a imediatez de nossas percepções sensoriais. A passagem do tempo, da luz, da sombra e da transparência; os fenômenos cromáticos, a textura, o material e os detalhes…, tudo isso participa na experiência total da arquitetura”.

Como vamos apreciar nos projetos que são apresentados, é na escolha deles, tem uma intenção, mas na arquitetura e o estudo da cidade, sempre existe uma intenção na maneira como se projeta, isto é nossa síntese dos projetos.


Conjunto Habitacional IJ-Plein. (1988)

O conjunto habitacional IJ-Plein feito pelos arquitetos do OMA, fica na cidade de Amsterdã nos Países Baixos, no ano de 1988.

H.01 – Conjunto Habitacional IJ-Plein – OMA.
Fonte: Hilary French.

Considerado uma obra pós-modernista, de índole econômica, o terreno em forma triangular se integra com o espaço urbano, a pesar das dificuldades do terreno que na parte inferior existe um túnel. Sua forma é em fita, e compartem os apartamentos uma parede, penso que isto dificulta a questão da acústica. No telhado existem umas janelas que facilitam a ventilação e iluminação. Existem duas casas que são adaptadas para pessoas com necessidades especiais (cadeirantes). No projeto tem um centro comunitário com escritórios e salão.

Como primeira medida temos uma continuidade espacial no que concerne ao entorno urbano, é como sabemos das dificuldades geográficas desse território, também apresenta “inclusão social” no que se refere as casas adaptadas pessoas com necessidades especiais, em alguns casos apresenta janelas na cobertura o que facilita a ventilação e iluminação que tão necessário para a edificação, e por último a questão da economia dos edifícios de alguma maneira isto diminuem os custos na medida que é necessário para a construção da habitação social, não onerar mais do que se precisa sem perder a qualidade do projeto arquitetônico.


Conjunto Habitacional na Rue de Meaux. (1991)

O conjunto na Rue de Meaux está localizado na cidade de Paris, França, projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano no ano de 1991.

H.02 – Conjunto Habitacional Rue de Meaux – Renzo Piano.
Fonte: Hilary French.

Também considerada uma obra pós-modernista, existe uma escala no entorno urbano, deixa um bom recuo na edificação, tem uma primazia em deixar um pátio central, embaixo dele no subsolo estão os estacionamentos, no térreo existem lojas de varejo. Elementos nas fachadas são pré-fabricadas.

O conjunto habitacional da Rue de Meaux tem altura entre 6 e 7 pavimentos que guarda uma relação na escala de altura no entorno urbano. Ao deixar grandes recuos e o pátio central, entrega prioridade ao transeunte, assim como espaços de convivência social, talvez este seja o intuito de Piano, como comentava no texto de Ciriani dentre suas estratégias projetuais, “promover o orgulho comunitário”. Ao ter no térreo lojas de varejo não só está atendendo as pessoas que moram nos edifícios, mas também aos que moram no entorno urbano. Ao ter no subsolo as vagas de estacionamento onde estes não marcam presença, como é na maioria de edifícios habitacionais onde o carro toma maior importância, dada principalmente hoje com a questão da exploração desmesurada imobiliária. Por último a maneira construtiva nas fachadas em usar pré-fabricados que é uma característica de Piano, onde estes diminuem os custos.


Conjunto Residencial Carabanchel 16. (2007)

O conjunto residencial Carabanchel 16 está localizado na cidade de Madri na Espanha, projeto pelo escritório de arquitetura Foreign Office Architects do ano de 2007.

H.03 – Conjunto Residencial Carabanchel 16 – Foreign Office Architects .
Fonte: Hilary French.

Considerado por French uma obra com interpretações contemporâneas, pontos sustentáveis e inovadores, do tipo de habitação popular, o uso de sistema de ventilação chaminé, mas também tem sistema de ar-condicionado, garagem subterrâneas e extensos jardins, brises para proteção solar e uma postura urbana com o anonimato contemporâneo.

Nosso primeiro ponto trata da questão da sustentabilidade, tema que nestas última duas décadas tem tomado incremento. Segundo Josep Maria Montaner explica: “Após os experimentos pioneiros de meados do século XX, nas últimas décadas tem sucedido diferentes gerações de arquiteturas ecológicas e sustentáveis, desde os primeiros protótipos experimentais da década dos anos 70, até os bairros ecológico contemporâneos, passando por propostas de arquitetura ecológica e tecnológica, chamada de ecotech na década de 1990. Este complexo processo de arquitetura estreitamente ligado com o meio ambiente...”.

Sempre foi de necessidade de construir habitação social, até pelo crescente êxodo rural desde o século passado para as cidades, além claro da crescente demografia da população nas áreas urbanas, enfim, a necessidade real das maiorias, o povo. Também temos no edifício sistema natural de ventilação e mecânica, penso que não só é uma questão tecnologia, mas sim projetar em diversas formas, sem nenhum tipo de preconceito da tecnologia – vale dizer nem tudo, nem nada.
Os extensos jardins que cria uma harmonia com própria convivência dos usuários, e do meio ambiente. É a discrição do anonimato urbano.


Para terminar, no transcurso do nosso texto temos tratado pontos que são relevantes, assuntos como: a experiência total da arquitetura (Holl); a divisão do tempo-espaço dos conjuntos habitacionais (French); a continuidade espacial urbana e dos edifícios, a economia e a inclusão social (OMA); a escala urbana e importância da convivência social (Piano); a questão do meio ambiente e a sustentabilidade (Montaner e Foreign Office Architects); promover o orgulho comunitário, e as três P da arquitetura (Ciriani). Penso que todos estes pensamentos em alguns casos até experimentais podem ser ideias que num futuro muito próximo poderá tornar-se em “ideais” da arquitetura e o urbanismo contemporâneo.


Goiânia, 14 de setembro de 2018.
Arq. MSC. Jorge Villavisencio.



Bibliografia:

FRENCH, Hilary; Os mais importantes Conjuntos Habitacionais do século XX, Editora Bookman, Porto Alegre, 2009.

CIRIANI, Enrique; Todavia la Arquitetura, Ed. DAVAU S.A.C. – Arcadia Mediatica, Lima, 2014.

MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2016.

HOLL, Steven: https://www.archdaily.com.br/br/01-18907/questoes-de-percepcao-fenomenologia-da-arquitetura-steven-holl (extraído em 11/09/2018).

VILLAVISENCIO, Jorge: http://jvillavisencio.blogspot.com/2018/09/ainda-arquitetura-enrique-ciriani.html (extraído em 13/09/2018).


lunes, 10 de septiembre de 2018

Ainda à arquitetura – Enrique Ciriani.

Ainda à arquitetura – Enrique Ciriani.
Jorge Villavisencio.

No ano de 2014 foi publicado o livro do arquiteto Enrique Ciriani chamado “Totavia la Arquitectura” (versão em espanhol), como resultado de seus escritos vimos a necessidade de fazer algumas reflexões, penso que estes poderão servir para os futuros trabalhos como estratégias projetuais, assim como pesquisas diversas na área da arquitetura e o urbanismo, principalmente no que trata das problemáticas sobre habitação popular entre outros.

Enrique Ciriani nasce na cidade de Lima no Perú no ano de 1936,1960 forma-se com Arquiteto e Urbanista pela Universidade Nacional de Engenharia – Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Artes. Em1964 parte para Paris e cria o escritório de arquitetura, AUA – atelier d´Urbanisme et d´Architecture em conjunto com Michel Corajaud. Já em 1965 é chamado para gerar novas formas pedagógicas na escola de arquitetura Paris-Bellavile. No ano de 1983 ganha o Grande Prêmio Nacional de Arquitetura de França. Recebe em 1988 o Prêmio Palma de Ouro de Habitação, assim em 1988 a Medalha de Ouro pela Academia de Arquitetura dos Estados Unidos. É Membro Honorary Fellow da Royal Institute of British Architects. No ano de 2012 – recebe o Prêmio Nacional Hexágono de Ouro do Colégio de Arquitetos do Perú (Prêmio mais importante do Perú). Chega ao Titulo de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nacional de Engenharia do Perú.

Podemos entender que os Prêmios e Títulos obtidos através do tempo mencionados acima são só alguns, como sínteses de seus trabalhos como arquiteto e professor da arquitetura.

Mas destacaremos alguns, primeiro ainda muito jovem se muda para Francia, talvez com o intuito de aprimorar seu trabalho, além claro de poder observar e adquirir as novas experiencias no seu fascínio pela habitação em especial de forma vertical. Segundo ao se associar com Michel Corajaud onde trabalha com uma equipe multicidiplinar, apesar que era no ano de 1964 já vê a necessidade de trabalhar com outros profissionais como sociólogos, psicólogos, geógrafos entre outros, poderíamos indicar que é uma forma de trabalhar hoje na arquitetura contemporânea, este dá a visão mais ampla das necessidades dos ser humano, dificilmente hoje os escritórios de arquitetura trabalham isoladamente.

C.01 – Unidade Habitacional Matute (1963-1964).
Fonte: Enrique Ciriani (blog de arquitetura e urbanismo).

Seu primeiro trabalho de habitação social se dá nos anos 1963-1964 na cidade de Lima, num bairro denominado Matute, são 680 apartamentos habitacionais sociais, penso como podemos ver na imagem (C.01) tem questões que os arquitetos carregam na forma de projetar, são estratégias projetuais que são levadas com o tempo, como: a valorização dos vazios, a pertinência de criar de espaços de convivência que não só serve para a unidade habitacional, mas também para quem mora no entorno urbano, a diferencia de planos em diferentes profundidades, discreto e austero, cores fortes (amarelo, azul, vermelho) mas em forma discreta, entre outros.

C.02 – Unidade Habitacional Noisy-le-Grand, Marne-la-vallée (1975-1989)
Fonte: Enrique Ciriani (blog de arquitetura e urbanismo).

Desta forma podemos visualizar na unidade habitacional Noisy-le-Grand, Marne-la-vallée (1975-1989) similares caraterísticas ao projeto de Matute, mas dando prioridade nas pessoas criando passarelas em diferentes níveis (C.02 e C.08), desta forma cria vinculo espacial entre os edifícios e a cidade.

Ciriani explica a essência do ar e das superfícies: “o ar como vazio se nutre da realidade” e a “arquitetura reside no vazio como peculiaridade de determinadas superfícies como muros, janelas e outros, moldei-a o vazio”.
Estes dois pontos nos parecem importantes, na primeira citação: trata de como vazio favorece o vínculo espacial, além claro na realidade da respiração e do ar que são necessários nos edifícios e as cidades. A segunda citação: está mais relacionada a própria forma da edificação, as partes que compõe o edifício, assim como a valorização do vazio.

C.03 – A procura de uma nova atmosfera urbana – Croquis.
Fonte: Livro de Enrique Ciriani (2014).

Outro ponto que merece ser ressaltado no seu livro da necessidade de fazer croquis (C.04) ou diagramas se possam servir na maneira de projetar como indica. O desenho a mão livre é mais um meio de expressão, revela não só meio eficaz de abstração, mas também um autêntico modo de pensar na arquitetura. Alivia a memória, é volcar sobre o papel uma parte de ela, as vezes urgente; poder voltar sobre o que se estava pensando, apreciar o proposto e confronta-lo com outros croquis; poder abandonar com lucides. É sobre tudo: o prazer de constitui-lo na memória do projeto.

C.04 – O Croquis.
Fonte: Livro de Enrique Ciriani (2014).

Ciriani faz uma síntese de como se pode realizar um projeto de arquitetura e propõe as tres “P” como síntese da arquitetura: “a pertinência, a presencia e a permanência”. Pensamos que a primeira está ligada a relação com o entorno urbano e da vida das pessoas, a segunda que a edificação ou as edificações tem que ter presencia como objeto de desejo e de necessidade da população. E a terceira que este vinculado ao tempo-espaço.

Sobre o dinâmico e o estático: Um grande vazio (flexível) representa o estático fisicamente, mas mentalmente figura-se como uma programação dinâmica. A “planta livre” o seja a separação entre a estrutura e a planta é uma expressão da dinâmica, que permite supor verticalmente plantas diferentes. (C.05)

C.05 – Edifício La Haya – Holanda.
Fonte: Enrique Ciriani (blog de arquitetura e urbanismo).

Sobre a questão da liberdade. O espaço aberto se conforma com grandes dificuldades a ideia de liberdade. É fundamental saber introduzir as caraterísticas do aberto no espaço interior. É necessário dilatar para evitar o encerro. O conceito de liberdade significa sobre tudo não ter ataduras. (C.06)

C.06 – Paris, Concuro para a nova cidade de Eury (1988). Em que foi outorgado o Prêmio Palmas de Ouro da Habitação de 1988.
Fonte: Enrique Ciriani (blog de arquitetura e urbanismo).

A procura da noção de intimidade na sua dimensão urbana. Tem uma necessidade de compreender como vivemos. Existem duas qualidades de intimidade, aquela que comparte com a comunidade (C.07 e C.08), e aquela que pertence a célula familiar.

C.07 – Residencial San Felipe, Lima (1965-1970) – espaço público.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014).

A primeira precisa de compreensão de algo que é capaz de geral orgulho coletivo.
A segunda e aquela vivenda mesmo, que está sometida a própria necessidade, mas que esta possa evolucionar com o tempo.

C.08 – Residencial San Felipe, Lima (1965-1970) – passarelas a diferentes níveis.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014).

Como última reflexão temos a imagem (C.07), sem lugar a dividas o espaço publico que não só serva a população que vivem nos edifícios, mas também que possa servir ao entorno urbano, isto o que Ciriani indica como “orgulho coletivo” de que mora nesse lugar.

A imagem (C.08) está relacionada com a vida das pessoas que vivem, priorizando desta maneira facilidades de movimento das pessoas – interação espacial, assim como dando espaço para as pessoas que fazem parte desta respiração do ar e do lazer, que são indispensáveis para a vida cotidiana das pessoas que vivem em suas cidade e seus edifícios.

Goiânia, 10 de setembro de 2018.
Arq, MSc. Jorge Villavisencio.


Bibliografia:

CIRIANI, Enrique; Todavia la Arquitetura, Ed. DAVAU S.A.C. – Arcadia Madiatica, Lima, 2014.



martes, 13 de febrero de 2018

Graft arquitetura: a ideia de um novo hibrido biológico.

Graft arquitetura: a ideia de um novo hibrido biológico.
Jorge Villavisencio.

O escritório de arquitetura Graft apesar que a origem de seus membros vem da Alemanha, se formasse o escritório na cidade de Los Angeles em 1998.

O ateliê e composto por três arquitetos: Lars Krückeberg, Wolfram Putz e Thomas Willemeit. Mas emprega vários arquitetos colaboradores tanto nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Além dos projetos de arquitetura desenvolve projetos em planejamento urbano e design. Tem escritório em Los Angeles (Estados Unidos), Beijing (China) e Berlim (Alemanha).

São vários projetos desenvolvidos na Graft, como o Hotel Q (Berlim), Apassionata Park Munchen (Munique), Platoon Kunstalle (Berlim), Paragon Apartaments (Berlim), Old Mill (Belgrado) entre outros. Mas para o presente ensaio veremos duas de suas obras, Dental Clinic KU64 (2005) e Stack Restaurant and Bar Mirage (2005).

G.01 – Dental Clinic KU64 (2005) Berlim, Alemanha – escritório de arquitetura Graft.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.143)

Como primeira interrogante qual é essa ideia de um novo hibrido biológico? – título deste ensaio.

Para entender o conceito do hibrido temos tomado duas referencias a primeira de Sofia das Neves na sua Defesa de Mestrado em Lisboa (2012) e de Paulo Spessatto na Universidade de Blumenau (2014).

“A utilização do termo híbrido associado a processos arquitetônicos tem vindo a suscitar cada vez mais interesse e curiosidade na realidade contemporânea. Podendo referir-se a campos estruturais, formais, tipológicos, funcionais, entre outros.”
(Das Neves, Sofia. Edifícios Híbridos, Defesa de Mestrado em Arquitetura, Universidade Técnica de Lisboa, 2012).

“Os edifícios chamados híbridos são aqueles que conjugam diferentes usos no mesmo projeto, totalmente independentes entre si, cada um com sua própria gestão, diferentes desenvolvedores e diferentes usuários. Aqui, o objetivo principal foi criar intensidade e vitalidade para a cidade, atrair as pessoas, e favorecer a mistura.”
(Spessatto, Paulo, Verticalização – Edifício Hibrido, Universidade Regional de Blumenau, 2014).

G.02 – Dental Clinic KU64 (2005) Berlim, Alemanha – escritório de arquitetura Graft.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.148)

A primeira citação de Sofia das Neves, nos leva a criar certo despertar ou interesse como ela indica. A curiosidade é parte do ser humano, o saber de que trata já faz parte do nosso convívio, dificilmente como “forma e imagem” (Rudolf Arnheim) de um determinado edifício de tipologia cultural não se queira saber de que trata, até porque os edifícios hibridos criam não só um despertar na sociedade, mais também um ponto referencial no espaço urbano, além-claro como é indicado que conjugam os diferentes usos num mesmo espaço.

G.03 – Dental Clinic KU64 (2005) Berlim, Alemanha – escritório de arquitetura Graft.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.147)

A segunda citação de Paulo Spessatto nos parece mais atraente, além que é comum nas duas citações nos “diferentes usos num mesmo espaço”. Primeiro que dentro de cada espaço tem sua própria gestão, é como num mesmo local possam ter diversas empresas, mais cada uma com sua própria gestão, é claro com sua própria responsabilidade administrativa e operacional. Agora achamos de muito interesse ao dizer “intensidade e vitalidade para a cidade”, até porque espaços urbanos, inclusive espaços centrais importantes para a cidade podem ou não estar sendo pouco usados ou frequentados. Pensamos que isto não valoriza a cidade, criar espaços urbanos desertos ou com pouco uso, traz enormes consequências econômicas para a cidade, que ao final todos pagamos, porque todos somos contribuintes porque habitamos nas cidades.
Sobre a questão da biologia está vinculado a arquitetura orgânica, “A arquitetura sempre buscou inspiração nas funções e formas orgânicas da natureza” (Denison, 2013:110).

G.04 – Stack Restaurant and Bar Mirage (2005) Las Vegas, Nevada, Estados Unidos – escritório de arquitetura Graft.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.150)

Os precursores mais importantes da arquitetura orgânica temos a Rudolf Steiner (1861-1925) – filosofo antroposófico, arquiteto e escritor austríaco; Imre Makovecz (1935-2011) – arquiteto húngaro, entusiasta da arquitetura orgânica e Bruce Goff (1904-1982) – arquiteto americano, conhecido por sua arquitetura orgânica idiossincrática e eclética.

Mas como sabemos arquitetos relevantes modernos e contemporâneos tem dado projetos como estudo de caso em arquitetura orgânica, como é do Eric Mendelsohn com arquitetura Art Nouveau, Frank Lloyd Wrigth, Louis Sullivan, Hugo Häring, Rudolf Steiner, Jorn Utzon, Eero Saarinen, entre outros arquitetos.

“Qualquer que seja o estilo escolhido, a arquitetura orgânica almeja tornar seus edifícios e seu ambiente um todo unificado, harmônico, e inter-relacionado, sintetizado forma e função” (Denison, 2013:110).

Então está ideia do conceito novo hibrido biológico tem muito a ver, com as citações anteriores, primeira que o hibrido é um novo tema de estudo que tem o objetivo principal foi criar intensidade e vitalidade para a cidade, atrair as pessoas, e favorecer a mistura. Segundo a conceito do orgânico a inspiração nas funções e formas orgânicas da natureza.

Pensamos que esta nova forma de ver a arquitetura (edifício) e a cidade (urbano), está relacionado com a contemporaneidade ou a vida atual, os usuários o seja as pessoas, tem muitas atividades ao mesmo tempo: trabalho, moradia e lazer, o movimento das pessoas e a vida cibernética, colaboram neste tipo de vida em especial nas grandes urbes.

Este movimento de pessoas o “tempo” se torna fundamental, é porque não ter varias atividades no mesmo local? Pode ser um edifício que tenha multiples funções, mas cada uma com sua própria gestão como indica Paulo Spessatto. Assim como as cidades o emprego de formas fluidas e assimétrica que se harmonizam com a natureza do seu entorno.

Penso que a questão da natureza e vida ambiental tem tomado mais incremento nestes últimos anos. Como o explica Montaner nas arquiteturas bioclimáticas, ecológicas, sustentáveis e holísticas.

G.05 – Stack Restaurant and Bar Mirage (2005) Las Vegas, Nevada, Estados Unidos – escritório de arquitetura Graft.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.153)

“...a arquitetura moderna que acabou na década de 1960, promovendo uma cultura de consumo, de edifícios com climatização artificial. As formas por ela defendidas demais, e seu vocabulário, abstrato, restringido e simplificado em desacordo com os que posteriormente se tornariam critérios de uma arquitetura versátil e resiliente, de acordo com o que meio ambiente e que, para ser sustentável, tem precisado se renovar” (Montaner, 2016:112).

O edifício da Dental Clinic KU64 (2005) projetado pelo escritório Graft, está localizado na Alemanha na cidade de Berlim, tem uma área de 940 m2. Como primeira medida os arquitetos indicam que nos espaços hospitalários tem conotações negativas, até porque frequenta esta tipologia de edifícios chegam as pessoas em estado de convalescência ou deprimidos física e mentalmente pela doença que os afetam.

Desta forma Graft pensam que “...afastem-se os preconceitos negativos e entrassem num ambiente de arte, bem estar e relaxamento” (Jodidio, 2013:144).

Esta citação traz na minha mente o que arquiteto Joao Filgueiras Lima – Lelé, tinha esse pensamento, com são os Hospitais da Rede Sarah Kubistchek em diferente partes do Brasil, onde procura a “humanização” dos ambientes que fazem parte destes hospitais.

No edifício do Dental Clinic tem espaços destinados para não só para os ambientes de tratamento dental, mais tem áreas destinadas para um SPA, café, hotel e pequenos espaços para descanso, lazer e convivência. Penso que este último traz como consequência a convivência que é importante para a arquitetura, que é a humanização dos ambientes.

O Stack Restaurant and Bar Mirage (2005), também do escritório Graft, está localizado em Las Vegas, Nevada, tem uma área de 539 m2.
Indicam Graft: “É gerada uma aliciante paisagem de desfiladeiro através de estriamentos ondulantes de assentos, bar e paredes estratificadas, usando o generoso pé-direito de 5,8 metros de altura, para produzir um efeito de telescópio em profundidade. As camadas horizontais apartadas umas das outras, criando variação dos níveis dos padrões, estruturas em balanço e velocidade” (Jodidio, 2013:150).

G.06 – Stack Restaurant and Bar Mirage (2005) Las Vegas, Nevada, Estados Unidos – escritório de arquitetura Graft.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.153)

Como podemos apreciar tanto na citação como nas imagens do Stack Restaurant and Bar Mirage, neste “aliciante” paisagem que remetem a um questão do infinito e do interminável, adequado na próprias ondulações que os mobílias tem em seu ambiente, assim como do efeitos as linhas horizontais em diversos níveis (na parte superior) que formulam espacialmente ainda mais movimento, que faz o feito de velocidade, que como sabemos faz parte da cultura e do modus vivendi das pessoas que convivem na contemporaneidade.


Goiânia, 14 de fevereiro de 2018.
Arq, MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografia:

ARNHEIM, Rudolf; La forma visual de la arquitectura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2001.

MONTANER, Josef Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2016.

JODIDIO, Philip; Architecture Now 5, Ed. Julia Krumhauer – Taschen GMBH, Volume 5, Colônia, 2013. (pp.142-153).

DENISON, Edward; Arquitetura: 50 conceitos e estilos fundamentais explicados de forma clara e rápida, Ed. Publifolha, São Paulo, 2013.

VILLAVISENCIO, Jorge; A constelação dos espaços culturais, Blog: arquitecturavillavisencio, Goiânia, 2016.
http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2016/10/a-constelacao-dos-espacos-culturais.html




lunes, 5 de febrero de 2018

A intenção dos conceitos arquitetônicos.

A intenção dos conceitos arquitetônicos.
Jorge Villavisencio.

O presente texto é sobre a “intenção dos conceitos arquitetônicos”, de como nasce a ideia de determinado projeto de arquitetura em que foi encomendado, talvez o texto tenha reflexo de pensamentos que possam auxiliar para a toma de decisões de conceitos e do partido arquitetônico.

Mas não podemos pensar que o conceito e o partido arquitetônico são assuntos dissociados, ao contrário são elementos “associados” é um mesmo momento na toma de decisão, é uma unidade.

Temos tomado como referência o texto do mineiro o arquiteto Carlos Alberto Maciel, no seu texto “Arquitetura, projeto e conceito”.

A primeira pergunta que faz um arquiteto: Como iniciar o projeto?

Nesta primeira interrogante está relacionada com “intenção” que tenha o arquiteto para a realização do projeto, vejamos:
Mas devemos esclarecer que a finalidade da arquitetura que em síntese é: “... a arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando determinada INTENÇÃO” – Arq. Lúcio Costa (1902-1998).

Para Maciel a conceptualização está vinculada a três pontos: o lugar, o programa e a construção. Mas todo isto vinculado a questões de premissas “ficção, analogia, metáfora ou discurso filosófico”.

O “lugar” se torna fundamental como primeiro contato espacial que tem o projetista com a realidade, falamos de realidade como algo concreto e mesurável, e claro, vem toda questão dos assuntos pertinente a questões das “condicionantes”.

A apropriação espacial do terreno é fundamental para poder levar o ato projetual de forma concisa, que é a síntese das variáveis que estão em nossas hipóteses. Então, o projeto como tal “surge no momento que se estabelecem conceptos compositivos, funcionais, técnicos e referenciais” (Méndez, 2009:79)

MM.01 – A interpretação pessoal de um terreno.
Fonte: Lorraine Farrelly – Fundamentos da Arquitetura (pp.15).

Para Maciel “A geografia, a topografia e a geometria do terreno, sua conformação geológica, a paisagem física e cultura, a estrutura urbana, o sol, os ventos e as chuvas e ainda a legislação – é conclui tudo está ali”.

Entendemos que tudo esta ali mesmo, mas é necessário ter um poder interpretativo é um aguçado sentido de observação, aliado a própria experiência em que o arquiteto vai se aprimorando através do tempo.

Outro assunto que está relacionado a “compreensão”, sobre isto está vinculado, assim penso, a dois assuntos. O primeiro está relacionado a experiência que tem o professional, sem dúvida através do tempo o arquiteto tem passado por muitas “experiências” no ato projetual, o senso critico vai se aprimorando, sendo pelos próprios acertos, mais principalmente pelos desacertos. Além claro das pesquisas e investigações profundas e consciente da nossa profissão nos exige.

A segunda está vinculada a “observação” do lugar, não só as condicionantes que são fundamentais para a relevância acertativa do projeto, mais sim como processo de “apropriação” do espaço. É provável que pequenas coisas devem ser observadas no lugar onde possam ser importantes ou não. Podemos citar aspectos de “luz e sombra” podem ajudar ao processo criativo do partido arquitetônico. Não existe uma formula concreta, são aspectos que vão tomando incremento conceitual nas nossas mentes.

MM.02 – Levantamento histórico do terreno.
Fonte: Lorraine Farrelly – Fundamentos da Arquitetura (pp.17).

Mas devemos deixar claro que o processo projetual não é um acontecimento de fórmulas precisas, ele pode e deve seguir certas metodologias que estão inseridas dentro da análise e dos diagnósticos, vistos e revistos dentro das condicionantes que fazem parte das pesquisas prévias ao projeto. Condicionantes como: pré-dimensionamento, legislação, isolação, ventos, topografia e outros que fazem partes da análise. O proposito de tudo isto é ter com clareza nossas “diretrizes projetuais”.
Sem essa análise, e sem diagnostico é pouco provável que sejam atendidas as exigências de um determinado projeto com qualidade esperada.

O segundo ponto indicado por Maciel, é a questão do “programa”, o programa como sínteses do que nossos clientes nos solicitam e aspiram, mas temos uma questão de consciência, é ética, assunto que devemos tocar mais na frente.

O uso e as atividades são as que dão origem as demandas de uma determinada edificação. O primeiro a fazer é de definir essas atividades, mas não em questão horizontal (em planta), mas bem em ambos os sentidos (vertical), até porque o resultado da volumetria vem em forma tridimensional.

MM.03 – Esquemas de um programa arquitetônico.
Fonte: Disciplina de Projeto V – Edifício Cultural (2016) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIEvangélica.

A determinação de espaços está vinculada diretamente à questão das necessidades, onde precisa ser clareza para ser instalado programaticamente no seu projeto. A ambiência se torna importante para os espaços que serão definidos, mas entendemos que são espaços de permanência ou de percurso determinados pela circulação de pessoas, mas também poderiam ter vários usos, talvez algo mais flexível de dois ou mais usos ou atividades como sucede com os espaços para a convivência.

Maciel explica que “...pensar o espaço fisicamente construído a partir de forças e tensões que as diferenciações entre o domínio do individual e o coletivo”.

O programa deve atender aos diversos modos de vida dos usuários, porque as atividades que eles exercem tem que ser atendidas. Também temos uma questão da área a ser construída, que trata deste último ponto deste texto que é a construção.

MM.04 – Maquete física de um programa arquitetônico.
Fonte: Disciplina de Projeto V – Edifício Cultural (2017) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIEvangélica.

O programa para um determinado espaço físico pode acontecer continuidades, descontinuidades, separações e fragmentações, demarcações, todo isto com fim de entender os domínios entre o público e o privado.

Outro aspecto importante está vinculado a “construção”, podemos entender que a construção é o resultado ou a finalização de todos os aspectos que forem colocados anteriormente. Arquitetos como Lucio Costa, João Figueiras Lima – Lelé tem colocado em varias oportunidades que a essência da arquitetura está na “obra construída”.

MM.05 – Red House (2001-2002) Oslo, Noruega – Jarmund/Vigsnes AS Architects MNAL.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.175)

Mas tem aspectos que são colocados por Maciel que devem ser ditos como: “A definição das fundações, a estrutura, das proteções com as intempéries, das instalações complementares, dos processos construtivos e dos detalhes, bem como a eleição dos materiais, são escolhas do arquiteto que visam viabilizar a realização do espaço imaginário e resulta na forma arquitetônica.” é conclui: “O conhecimento da construção é a única possibilidade de viabilizar concretamente a ideia arquitetônica”.

Sobre isto temos dois assuntos que devemos esclarecer. O primeiro está vinculado a questão do conhecimento dos materiais que serão aplicados a obra, como sabemos todo dia nascem novos materiais que colaboram com a técnica a ser aplicado na construção, assim como a proposta da materialidade em que foi pensado o projeto. Aspectos relativos na proposta do projeto, que sem dúvida vão a dar os aspectos relevantes ao próprio projeto arquitetônico.

MM.06 – Red House (2001-2002) Oslo, Noruega – Jarmund/Vigsnes AS Architects MNAL.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.177)

O segundo ponto está relacionado ao processo construtivo, que é a tecnologia construtiva que será aplicada na construção, como sabemos este incide é muito com os custos da obra, desperdício de materiais, tempo excessivo na construção, mão de obra não qualificada entre outros acarreiam custos adicionais sem precisar. Até poderias pensar que não existe uma ética do profissional ou desconhecimento das formas construtivas, por falta de experiência ou simplesmente por falta de pesquisas que possam auxiliar no processo da construção. Como foi dito na citação de Maciel: “O conhecimento da construção é a única possibilidade de viabilizar concretamente a ideia arquitetônica”.

Goiânia, 5 de fevereiro de 2018.

Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografía:

MÉNDEZ, Rafael; Teoría y prática, La forma del proyecto: enseñar y aprender a proyectar, De arquitectura, Editado Universidad de los Andes, Bogotá, 2009. (pp. 79-91).

JODIDIO, Philip; Architecture Now 5, Ed. Julia Krumhauer – Taschen GMBH, Volume 5, Colônia, 2013. (pp.175-181)

FARRELLY, Lorraine; Fundamentos de Arquitetura, Ed. Bookman, Porto Alegre, 2014. (pp.12-19)

MACIEL, Carlos Alberto; Arquitetura, projeto e conceito, Vitruvius, Arquitextos, dezembro, 2003.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.043/633

VILLAVISENCIO, Jorge; A intenção entre a pratica e a teoria da arquitetura, Blog: arquitecturavillavisencio, outubro, 2013.
http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2013/10/a-intencao-entre-teoria-e-pratica-da.html

VILLAVISENCIO, Jorge; Estratégias e percepção do espaço da arquitetura contemporânea, Blog: arquitecturavillavisencio, março, 2015.
http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2015/03/estrategias-e-percepcao-do-espaco-da.html