martes, 1 de agosto de 2017

Ensaio: A arte da fotografia; interpretações, sensações e inspirações.
Jorge Villavisencio.

Quando pensamos sobre uma determinada fotografia, o primeiro que se nos vem na mente “que significado tem isto”, pode ser uma foto familiar, uma paisagem, um edifício, uma cidade, entidades vivas ou mortas, um sim fim de objetos, etc. Mas tem algo a mais que pode ser interpretado de outros modos. Que pode levar a outras sensações, inclusive a novas inspirações que são sensíveis a cada um ou ao comum das pessoas.

Mas sem duvida registra aquele momento, que num futuro marca a historia de um determinado aspecto que pode ser num futuro ou presente como produto de uma investigação. O registro desse momento pode ser importante para alguém.

A observação aguçada se torna determinante para o entendimento do que a fotografia quer dizer. Para o escritor e filosofo francês Denis Diderot (1713-1784) do tempo do iluminismo do século XVIII explica:

“Comtemplar a massa do momento tumultuoso: a energia de cada individuo desenvolve toda sua violência e como ninguém tem precisamente seu mesmo grau, passa assim como a folha de um arvore: nenhuma tenha o mesmo verde; então ninguém tem a mesma ação ou a mesma postura... o artista conserve a lei das energias e seus interesses... sua composição será verdadeira na sua totalidade...” (Diderot, {1766} 1998:38).

Precisamente o registo de aquele momento, não só marca aquele tempo, mais também aquela ação que se torna impar de aquele instante. Para o notável fotografo mineiro Sebastião Salgado (1994), a fotografia é só um segundo que resume toda a vida dele, mas a fotografia é uma forma de vida, para isto se torna importante se organizar, é dar a importância ao que seja pertinente.

“... deve ser compreendido como um modelo de funcionamento, uma maneira de definir relações do poder com a vida cotidiana dos homens.” (Foucault, 2000:237).

Na vida contemporânea é com o uso das novas tecnologias como ferramentas de comunicação e de pesquisa de informação, se tornam cada vez mais comuns seu uso, nos seus smartphones, tablets, notebook, etc. Pareceria que a maquina fotográfica se torna obsoleta, mas devemos deixar claro que o fotografo profissional ainda faz uso dessas maquinas, cada vez mais com mais recursos, instrumental necessário para o desenvolvimento profissional da fotografia.
Que seria sem o descobrimento da fotografia atribuída em 1826 ao francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833).

Mas penso que a citação de Foucault se torna pertinente, com relação à fotografia. Quem não parou um determinado momento da vida para registrar aquele instante com alguma fotografia, é-claro registra a vida cotidiana das pessoas (ou outros), como também pode gerar essa fotografia como uma relação de poder. Cabe a cada um ter sua interpretação do que quer dizer ou gerar um determinado estimulo, seja este de forma positiva ou negativa.

Também na interpretação de determinada fotografia, pode causar um bom estimulo a criatividade de algum assunto que seja pertinente para aquele momento, mas pode também gerar um desgaste emocional de forma negativa. Penso que como é arte, depende muito do estado anímico de quem está fotografando, como também quem está interpretando.

“A evolução da civilização ao margem pertencemos a algo, de uma amplitude a um poder que transcende o que podamos fazer individualmente e como grupo”.
(Eladio Dieste; in Gutiérrez, 1998:41)

“A ideologia de uma interpretação da realidade e, como tal, é um recorte parcial dela. Quando atuamos desde uma ideologia e desde uma realidade às vezes equivocamos os caminhos, para achar respostas acertadas”.
(Gutiérrez, 1998:149)

Vamos a refletir sobre estas duas citações, a primeira do arquiteto moderno de Uruguai Eladio Dieste (1917-2000), dificilmente na atualidade podemos fazer todo de forma individual, hoje trabalhamos em equipe, exemplos claros de fotógrafos especializados, neste caso em arquitetura como: o fotografo Tcheco Michal Grosman, especializado em arquitetura de interiores e exteriores em fotos de noite; para o português João Morgado, em fotografias aéreas de arquitetura; o francês Romain Matteï, especializado em fotografias de arquitetura, vida selvagem, street viagens, experimental, e macrofotografia; o fotografo húngaro Adam Dobrovits, que de forma criativa utiliza casamentos, retratos, estúdio, natureza, fotos abstratas, surreais, macro, rural, urbanas e fotos de arquitetura; o polonês Michal Karcz, que tem uma paixão por pintura e fotografia, paixão que é o principal segredo por trás de suas fotos fascinantes e únicas; o fotografo alemão Matthias Haker, que cria interesse em fotografia de arquitetura, viagens, prédios abandonados e paisagens; para o brasileiro Paul Clemence, interessado em arte, design e arquitetura, o que permite que ele capture suas fotos de arquitetura em especial de estruturas, entre outros.

A segunda citação está relacionada com os primeiros caminhos, que nem sempre vamos a levar a diante, mais bem tomamos como primeiras ideias (experiências), que no futuro possam tornar (depois de amadurecidas e reflexionadas) em ideais. Estes ideais, penso que são mais inteligentes, porque em primeiro lugar levam a interpretações que são mais sensíveis, pelo menos de aquele tempo. Colocamos como exemplo o trabalho do fotografo Sebastião Salgado, que depois de uma experiência na África, e das formas de vida em aquele lugar, traz em suas imagens muita reflexão da realidade, levando ao espectador a uma reflexão mais profunda das necessidades sociais da vida do ser humano.

“... em muitos casos, a reflexão sobre os meios pelos próprios meios é de origem mesmo da história... de como funciona o processo...” (Johnson, 2003:121)

A fotografia tem vários recursos técnicos que se aplicam na maneira de expor o trabalho, estas podem ser fotos em preto e branco (Sebastião Salgado utiliza essa forma nas suas fotos), ou a color, estas imagens podem estar em movimento, de modo panorâmico ou de detalhe, no primeiro plano - algo que possa sugerir maior importância, ponto de fuga – que de continuidade espacial, tonalidade – que possam indagar com mais ou menos força na imagem, de vista panorâmica – utilizando lentes de grande angular, uma infinidade de recursos que tornam importantes para a expressão da foto. Muitos fotógrafos especializados, já tem como forma ou estilo fotográfico, é claro são reconhecidos por suas fotografias como temos expressado anteriormente (fotógrafos especializados em arquitetura e paisagem).

“Mas, é obvio que a probabilidade de achar alguma coisa em determinado lugar, depende tanto da probabilidade de presença da coisa no seu lugar, como a sensibilidade do instrumento da busca e habilidade do seu manejo”. (Bunge, 2000:89)

Para concluir nosso ensaio, temos tomado como referencia final a citação do filosofo e humanista argentino Mario Bunge (1919), e dizer, para que de certo a imagem, “tem que estar no lugar certo, no momento certo” (frase comum de nos simples mortais), penso que nem sempre é fácil, muito tempo de dedicação e experiência colabora com o que quer dizer determinada fotografia. Mas sem duvida se captada a fotografia tem uma resposta imediata ao comum das pessoas, que se sensibilizam, é-claro criam expectativas para o observador, é, por conseguinte criam-se sensações que podem ter inspirações.

Goiânia, 1 de agosto de 2017.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografia:

DIDEROT, Denis; Pensamientos sueltos sobre la pintura {1766}, Editorial Tecnos S.A., Madrid, 1988.

FOUCAULT, Michel; Vigilar y castigar, Editora Siglo XXI, México, 2009.

GUTIÉRREZ, Ramón; Arquitectura Latinoamericana en el siglo XX, Lunwerg Editores, Barcelona, 1998.

JOHNSON, Steven; Sistemas Emergentes: o que tem em comum as formigas, neuromas, cidades e software, Editora Fondo de Cultura Economica, México, 2003.

BUNGE, Mario; Epistemologia, Editora Siglo XXI, Barcelona, 2004.


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