martes, 1 de noviembre de 2016

Propostas e ideias na arquitetura contemporânea na bacia amazónica no Perú – 15° Bienal de Venécia 2016.

Propostas e ideias na arquitetura contemporânea na bacia amazónica no Perú – 15° Bienal de Venécia 2016.
Jorge Villavisencio.

Com a recente publicação dos resultados da 15° Bienal de Arquitetura em Venécia 2016, vimos que forem outorgados prêmios a vários arquitetos e escritórios de arquitetura com propostas que podem fazer a diferença na pratica contemporânea de fazer arquitetura e urbanismo.

S.001 – Cidade Capital de Iquitos, Departamento de Loreto – vista do Rio Amazonas.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Não temos duvida que a bacia do Rio Amazonas tenha despertado interesse ao mundo todo, tantas vezes colocado na Agenda 21, como efeito que no dia 22 de dezembro de 1989 que convoca a Assembleia das Nações Unida – ONU, para reverter os efeitos que vem sendo instalados nessa região. De esta forma criar novas estratégias que “revertessem os efeitos da degradação ambiental”, com os esforços nacionais e internacionais para promover o desenvolvimento sustentável e ambientalmente saudável em todos estes países.

S.002 – Cidade de Iquitos – vista do Rio Amazonas.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Em primeiro lugar através de tantas décadas a bacia do Amazonas vem sendo degradadas, é o mal já está feito, penso que o único que nos resta é contemporizar esse espaço maltratado. Teria que passar muitas outras décadas até séculos para que se instale o que a natureza cria. Em segundo lugar a bacia amazônica está composta por Brasil, Colômbia, Venezuela e Perú, estes vínculos tem que estar mais arraigados para que se produzam novas estratégias e consensos destes países em querer fazer melhor ou de uma maneira diferente. O conceito de “sustentabilidade” se dá em todos os âmbitos sejam estes ambientais, é principalmente na esfera socioeconômica.

S.003 – Espaço ambiental típico do lugar.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Também no mês de junho de 2012 se realizo a Conferencia sobre das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento na cidade de Rio de Janeiro. O RIO+20 que na realidade é uma readequação da partitura do que foi visto na Agenda 21 que foi realizada na mesma cidade no dia 14 de junho de 1992. Sem duvida tendo transcorrido 20 anos, o momento e as realidades em termo globais são diferentes, mais considero que os temas apresentados – em termos de síntese foi uma revisão das metas propostas na Agenda 21 de 1992.

Como indicamos acima, não podemos só estar revisando partituras, protocolos e readequações do que vem acontecendo no amazonas.

Segundo a Constituição Federal do Brasil de 1988 indica claramente no seu Art. 225 – “Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do solo e essencialmente sadia a qualidade de vida...” (Constituição Federal do Brasil – 1988).

S.004 – Bairro de Belém, Iquitos – temporada de baixa do Rio Amazonas. Reparem as palafitas.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Para isto na região do Amazonas na parte do ocidental, especificamente no Perú, a que é denominada a “Região da Selva”, é com a graça do Premio da Bienal de Venécia 2016, que na realidade foi o Segundo Lugar (Leão de Prata) para o escritório peruano de arquitetura Crousse & Barclay, com a proposta de fazer escolas nessa região. Tema principal deste ensaio que temos titulado de: “Propostas e ideias na arquitetura contemporânea na bacia amazónica no Perú – 15° Bienal de Venécia 2016”.

S.005 – Caras de etnia “Bora” feito de forma artesanal por Fernando Yahuarcani (origem Bora).
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Consideramos importante esta citação: “... é preciso definir certos conceitos afins que são utilizados para caracterizar a arquitetura bem relacionada com o meio ambiente. Poderíamos dizer que a arquitetura bioclimática é aquela que tradicionalmente construía com materiais do local e se integrava com seu entorno imediato, inspirando-se na arquitetura vernacular”. (Montaner {1}, 2016:113).

Antes de dar inicio a nossas considerações sobre a descrição e pensamentos (reflexões) do que consideramos que é um grande tema, temos que fazer algumas considerações iniciais. Primeiro temos que tomar consciência que o problema não só radica em “proteção do meio ambiente”, temos que ter outras propostas “criativas” para que tenha sustentabilidade em todos os âmbitos.

S.006 – A técnica construtiva com materiais do lugar.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Em segundo lugar, consideramos que no contexto geral dessa região do Amazonas, pouco se tem feito para o desenvolvimento sustentável donde habitam esses seres humanos, que praticamente estão esquecidos, é que só se dedicam a proteção ineficiente do meio ambiente e das culturas e condutas desse povo esquecido mais vitorioso nas formas de viver. Terceiro o mundo todo está atento ao que acontece na bacia do amazonas, seja esta porque é um pulmão da humanidade, é pela quantidade de “agua” que tem em esta parte do continente, que como sabemos cada vez se tornará mais escassa a agua pela crescente população que tem o mundo.

S.007 – Inauguração da primeira escola.
Fonte: MINEDU. (2016)

Em quarto lugar, temos certeza que os programas educacionais na construção de escolas em todos os níveis têm levado melhoras a população em especial ao povo com dificuldades socioeconômicas para o desenvolvimento correto e sustentável em diferentes lugares, educação e cultura, pensamos que é sinônimo de desenvolvimento, a história nos ensina que países que são desenvolvidos aplicarem massivamente em “educação e cultura”, é algo irrefutável que faz parte da consciência dos povos, mais nesta parte da bacia do amazonas, parecesse que é um mundo esquecido. Além-claro do pouco interesse de politicas publicas que permitam dar continuidade a este tipo de projetos.

S.008 – Forma de construção típica com materiais do lugar.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)


O lugar.

Sabe-se que atinge o espaço regional e territorial no Perú, vários Departamento estão involucrados que são: Loreto, Ucayali, Junín, Madre de Dios e San Martín, é uma região muito extensa, é tem muito a fazer.

S.009 – Vista externa da escola proposta – arquitetos Crousse & Barclay.
Fonte: Bienales de Arquitectura. (2016)

“O território amazônico do Perú se define na Lei 27037 – Lei de promoção da inversão na Amazônia peruana, se indica 61,09% da superfície do território nacional (Perú), com um total de 785.201,74 km2, que pode ser comparada com superfície total do Chile com 756.096,00 km2. Segundo o Censo Nacional de Infraestrutura Educativa 2013 mais do 50% das escolas devem renovar-se ou precisam de um esforço estrutural: Além que não existe informação correta do estado das mais de 4,000 escolas... O PLAN SELVA é um sistema flexível e alternativo para atender as zonas rurais que não contam com saneamento físico legal,... se pode acelerar os processo e vencer a burocracia. E assim que contém um catálogos de módulos que podem ser feitos de acordo com os requerimentos pedagógicos é ser transladados de forma rápida. No ano 2015 o Plan Selva se inicio a implementação de um sistema em 10 instituições educativas, que no ano de 2016 possa criar a interversão de 69 escolas”. (15° Bienal de Arquitetura em Venécia – 2016).

S.010 – Vista interna da escola proposta – arquitetos Crousse & Barclay.
Fonte: Bienales de Arquitectura. (2016)


O projeto.

Através do Ministério de Educação - MINEDU do Perú, se realiza como estratégia na criação do plano de desenvolvimento chamado de “PLAN SELVA” corresponde ao Programa Nacional de Infraestrutura Educativa (PRONIED), que basicamente se trata de contribuir para a realização de construção e reabilitação de varias escolas na região.
A proposta pelo escritório de arquitetura Crousse & Barclay cujos proprietários são Jean Pierre Crousse e Sandra Barclay tem denominado de “Nuestro Frente Amazónico”, penso que é uma referencia ao lugar. O concurso da 15° Bienal de Venécia 2016, tiverem mais de 60 escritórios de arquitetura.

O projeto apresentado ao Ministério de Educação do Perú pelo escritório de arquitetura Crousse & Barclay onde indicam: “Os módulos se compõem por estruturas de aço e madeira, o que facilita seu translado nas zonas geográficas de difícil acesso. Podem ser armados segundo suas necessidades, pode-se substituir uma escola completa ou melhorar uma parte dela (salas de aula, banheiros, salas de usos múltiplos, cozinha e outros). Os pisos são em módulos elevados para proteger das precipitações das possíveis inundações. Os ambientes têm tetos altos e inclinados para dar sombra e se proteger das intensas chuvas, assim contam com uma ventilação e iluminação em forma adequada”. (MINEDU - 31/05/2016).

S.011 – Escola – arquitetos Crousse & Barclay.
Fonte: Bienales de Arquitectura. (2016)

“As obras incluem a implementação de salas de aulas, área para os docentes, midiateca, sala de usos múltiplos, pátio coberto, banhos, cozinhas melhoradas, assim como mobiliário. Também serão instalados para-raios biodigestores e sistemas de captação de agua pluvial”. (MINEDU - 31/05/2016).

S.012 – Escola – arquitetos Crousse & Barclay.
Fonte: Bienales de Arquitectura. (2016)

Penso da forma que foi dotado o programa arquitetônico, tem muita flexibilidade, é poderíamos pensar que este tipo de obra pode-se implementar em diversas partes da bacia amazônica. É mais estamos pensando que este tipologia de projeto pode tranquilamente ser feita em qualquer parte, claro que cumpram com as caraterísticas deste tipo de espaço amazônico.

“Técnicas e materiais mais avançados, se bem empregados, podem contribuir para tornar a arquitetura mais sustentável”. (Montaner {2}, 2012:163).

Sem duvidas as técnicas construtivas têm colaborado para que a arquitetura se torne mais ágil e dinâmica nas formas de concepção de sua materialidade. Além-claro que este tipo de sistema construtivo de tipologia modular se adapta bem as dificuldades do lugar. Não é fácil chegar a estes lugares pela falta de comunicação do transporte terrestre, também as vias fluviais são de temporada, a mão de obra especializada é escassa ou não tem, assim como a disponibilidade dos materiais que são empregados, a madeira usada tem que ser certificada para que não haja desmatamento. Mais penso que levar educação e cultura a esses espaços quase esquecidos, sem duvida vale a pena a tentativa.


Considerações Finais.

“Agenda 21 – Indicadores: Como exemplos de indicadores de Sustentabilidade poderiam aprontar, em primeiro lugar, por sua expressão, os Indicadores da Agenda 21: um documento consensual, para a qual contribuíam governos e instituições da sociedade civil de 179 países, e que se traduz em ações e conceito de desenvolvimento sustentável”. (Romero; Satteler; 2009:295)

Como bem indica Satteler o documento é consensual, algo já discutido, que tem uma firme decisão dos países que o conformam. Mais o efeito da sustentabilidade se dá em todas as esferas socioeconômicas, é claro, como este tipo de projeto como dos arquitetos Crousse & Barclay levam toda este conceito para estes lugares que fazem parte da bacia amazônica.

S.013 – Bairro de Belém, Iquitos/Perú – temporada de baixa do Rio Amazonas.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)

Para terminar, pensamos que temos demorado muito, em tomar “ações” e não decisões, porque já forem tomadas tanto na ONU, Agenda 21, Rio+20, em fim. O que precisamos é de agir em forma mais rápida, para que estes lugares, espaços esquecidos tenham o mínimo necessário para uma qualidade de vida que seja mais “digna” com as necessidades do povo amazônico. Projetos que levam em forma esmerada cultura, educação e sustentabilidade a arquitetura pode colaborar, é muito, em estar mais presente de forma correta com espacialidade com contemporaneidade, das necessidades que sociedade como um todo solicita.

Goiânia, 1 de novembro de 2016.

Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografia:

MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2016. {1}

MONTANER, Josep Maria; A modernidade superada: ensaios sobre arquitetura contemporânea, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2012. {2}

ROMERO, Marta Adriana Bustos; Reabilitação Ambiental: Sustentável Arquitetônica e Urbanística, Editado FAU/UNB, Brasília, 2009. – {Miguel Aloysio Satteler, Ph.D - Capitulo 8 pp. 458-517}

Assembleia Geral das Nações Unidas – ONU (1989).

Conferencia das Nações sobre Médio Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21 (1992).

RIO+20 (2012).

Constituição Federal do Brasil – 1988.

15° Bienal de Arquitetura em Venécia (2016):
http://bienalesdearquitectura.es/index.php/es/propuestas-por-paises/6309-peru-plan-selva

El País (17/10/2016):
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/17/cultura/1476663835_416321.html?id_externo_rsoc=Fb_BR_CM

Ministerio de Educación – MINEDU/Perú: (2015-2016):
http://www.minedu.gob.pe/n/noticia.php?id=38342
http://www.minedu.gob.pe/n/noticia.php?id=38974



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